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A Itália tem uma das frotas mais diversas da Europa: compactos urbanos para ruas estreitas, utilitários familiares para viagens à Toscana e SUVs que enfrentam da autoestrada ao passo de montanha. Toda essa variedade, somada a revisões periódicas (revisione) e um ecossistema vibrante de oficinas independentes, gera um vasto histórico de falhas recorrentes por modelo, muito útil para quem compra usado.
Esta matéria compila modelos frequentemente citados em reclamações de proprietários e oficinas italianas nos últimos anos — com ênfase em defeitos repetitivos (câmbio, arrefecimento, eletrônica, correias “em banho de óleo”, DPF/EGR, etc.). O objetivo não é “condenar” carros, mas orientar a compra: saber o que verificar, quanto pode custar e como prevenir dor de cabeça.
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10 – Volkswagen Golf Mk7 (2012–2019)

O Golf Mk7 é um símbolo de equilíbrio europeu: silencioso em autostrada, firme na direção, confortável na cidade. Justamente por ser onipresente nas estradas italianas, seus pontos fracos ficam muito expostos. O primeiro é o conjunto de arrefecimento, onde a carcaça plástica que integra bomba d’água e termostato pode sofrer microvazamentos com o tempo. Em uso real, o dono nota o cheiro adocicado do fluido, marcas ressecadas na carcaça e a necessidade de completar o reservatório em intervalos cada vez menores. Ignorar o sinal leva a superaquecimento e, em cenários extremos, a danos em juntas. Em oficinas independentes, a substituição do conjunto completo costuma ser a solução definitiva, e muitos mecânicos recomendam revisão preventiva junto com correias auxiliares.
O outro calcanhar de Aquiles mora nas versões com câmbio DSG de sete marchas e embreagens secas, muito valorizadas pela suavidade em trânsito leve, mas suscetíveis a trancos, hesitação em “anda e para” e mensagens de avaria quando a mecatrônica perde parâmetros. Em cidades italianas com ladeiras e manobras constantes — pense nos centros históricos — o estresse térmico aumenta. Uma atualização de software às vezes basta, mas, quando há desgaste do pack de embreagens ou da unidade mecatrônica, o reparo sobe de patamar. Quem compra usado sensato faz um test-drive longo com partidas e manobras, além de checar histórico de fluido/updates.
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9 – Ford Fiesta 1.0 EcoBoost (2013–2020)

O Fiesta conquistou a Itália pela leveza de condução e pelo três-cilindros esperto. O 1.0 EcoBoost usa correia dentada que trabalha mergulhada no óleo — solução moderna de atrito reduzido — e é aí que mora a polêmica. Óleo fora de especificação ou intervalos esticados aceleram a degradação do material, que se desmancha em partículas e suja o pescador do cárter. O motorista percebe luz de pressão de óleo, ruído metálico a frio e, às vezes, funcionamento áspero em baixa. Quando o problema é pego no começo, a troca da correia com limpeza do circuito costuma salvar o conjunto; quando se roda muito com a luz acesa, a conta vira as bronzinas e a história complica. Oficinas italianas acostumadas ao EcoBoost são taxativas: usar exatamente o óleo homologado da Ford e encurtar os prazos em uso urbano.
Outro ponto que aparece em unidades mais rodadas são pequenos vazamentos no sistema de arrefecimento, geralmente de fácil diagnóstico. Proprietários cuidadosos costumam aproveitar a intervenção da correia para revisar a bomba d’água e o termostato, deixando o conjunto redondo. Quem está comprando um usado deve pedir notas de troca de óleo e, se possível, evidências de inspeção do pescador; se o vendedor desconversa, melhor procurar outro carro.